quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Drama universitário: vários estudantes de Socorro são deixados de fora do transporte ofertado pela Prefeitura

Edital que acontece anualmente no município não contempla dezenas de estudantes que atendiam aos critérios para utilizar o transporte em 2022. Exclusão de rotas e má distribuição de vagas também são outras queixas.

Estudantes socorrenses se reúnem em frente ao campus da UFS em São Cristóvão na manhã desta quarta-feira, 09, para conceder entrevistas sobre a situação e cobrar esclarecimentos.

Em dezembro de 2021, a Universidade Federal de Sergipe anuncia retorno presencial às atividades num modo híbrido, alternando aulas no campus e aulas remotas. O que deveria ser felicidade pela volta à rotina universitária, para os universitários de Nossa Senhora do Socorro mistura-se ao sentimento de apreensão: a dúvida se o transporte estudantil voltaria a ser ofertado, suporte indispensável para manter muitos socorrenses estudando.

A partir de então, iniciou-se uma série de situações que só trouxeram dor de cabeça aos estudantes. Após muito solicitar a Prefeitura do munícipio, tendo apoio de alguns deputados, órgãos estudantis e até mesmo da própria UFS, o edital foi lançado, porém com bastante falhas, incoerências e atraso: resultado preliminar dia 31 de janeiro, pedido de recurso até o dia 01 de fevereiro e resultado final no dia 07 de fevereiro. Ainda sem saber quando os ônibus de fato começariam a rodar, isso só Deus sabe quando.

Detalhe: as aulas na universidade começaram dia 31 de janeiro.

Se o drama de não saber quando o ônibus começaria a rodar já não fosse o suficiente, ainda houve mais decepção no último dia 31, pois muitos ficaram de fora, mesmo atendendo a todos os critérios (baixa renda, ordem de inscrição e maior idade). Gabriel Soares, estudante de Matemática na UFS diz: “eu atendi a todos os critérios. A renda na minha casa é baixa para cinco pessoas e fiz minha inscrição com dois minutos de processo aberto. Ainda assim não passei, enquanto conheço outras pessoas que tem uma renda bem maior que a minha e passaram”.

Além da análise dúbia dos critérios de aprovação feita pela Comissão do Transporte Estudantil, os alunos ainda precisam lidar com a exclusão de rotas. As rotas vespertinas para a UFS destinada aos alunos residentes dos bairros Piabeta, Marcos Freire, Albano, João Alves e arredores, simplesmente deixou de existir no edital de 2022. A Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro, quando questionada sobre isso, afirma em suas redes sociais ter planejado as rotas com base nas rotas já existentes. O que ela não compreende é a mentira que comete, pois a rota supracitada sempre existiu até o momento que a pandemia se instaurou, como também afirma Gabriel Soares, que utilizava a rota vespertina desde 2018.

A Prefeitura de Nossa Senhora do Socorro tem se baseado num edital defasado do ano de 2020, que também gerou diversas controvérsias, pois haviam as mesmas problemáticas do atual. Ela conseguiu sair pela tangente desta questão naquele ano, salva pelo gongo do início da pandemia e, consequentemente, suspensão das aulas. Porém com a volta das aulas já ocorrendo, ela não poderá mais escapar de cumprir com o seu dever e prestar os devidos esclarecimentos.

Para fechar com chave de ouro, temos ainda a questão da distribuição de rotas e vagas, tendo a rota 12 (linha vespertina: Fernando Collor e João Alves; destino: ESTÁCIO, UNIT, FACAR, FAMA E UNIP) uma oferta de 80 vagas, como afirma o edital. A grande (des)graça é a Comissão ter selecionado tanto no resultado preliminar, quanto no resultado final, apenas uma única pessoa. Isso mesmo. Uma rota com 80 vagas e provavelmente duas ofertas de ônibus, só tem uma pessoa, enquanto outras rotas extremamente lotadas tiveram vários estudantes de fora.

Rota 12 na qual só foi selecionada uma pessoa, quando as vagas eram 80. A readequação de rotas e vagas prometidas pela prefeitura após o resultado preliminar nunca veio, mesmo após o recurso. Todas as informações sobre o processo seletivo para acesso ao transporte estudantil são públicas e podem ser encontradas no site https://socorro.se.gov.br/chamamento-publico-transporte-escolar/.

Frente a toda esta situação, os estudantes prejudicados tem se movimentado da maneira que podem. Se manifestando nas redes sociais da Prefeitura cobrando um posicionamento coerente; enviando petições e solicitações para os canais ofertados pela mesma; indo até o gabinete administrativo de Socorro e à Secretaria de Transporte do município. Nada tem adiantado muito. Considerando que quase todas as cartas tem sido utilizadas, agora estão recorrendo a grande mídia: aos jornais de TV e portais de notícias online esperando que suas vozes sejam ouvidas e este drama tenha um fim para que a partir de então todos possam estudar com a tranquilidade de seus direitos assegurados.

Confira neste link a reportagem na íntegra que foi concedida para o SE - 1ª Edição da TV Sergipe.

Por Nathalia Gomes

Este texto é uma denúncia social advinda da frustração dos universitários socorrenses. Está amplamente permitido o seu uso parcial ou completo nos demais portais de notícia, desde que o propósito seja ajudar os universitários do município. Para mais informações, por favor entrar em contato pelo e-mail nathgomeslima@gmail.com

sábado, 29 de janeiro de 2022

[Resenha] A Violeta de Vênus - Mishal Katz

 E aí, galera!!! Quem é vivo sempre aparece!

Sumi por vários meses, anos mas tô de volta e mais uma vez na tentativa de trazer conteúdo para cá! Vamos ver se rola dessa vez, rsrs.

E hoje trago uma resenha de um nacional muito interessante que li esses dias. Vamos a ele:




Título
: A Violeta de Vênus
Autor(a): Mishal Katz
Editora: Independente
Páginas: 370
Ano de publicação: 2021
Classificação indicativa: +14
Avaliação pessoal: 
Sinopse: "Um jovem incapaz de integrar sua existência à vida sofre o abismo que há entre o ser e o seu viver. Feio, azarado e sem talentos, julga-se açoitado pelo destino, injustiçado pela natureza a qual passa a confrontar. Beleza e feiura, justiça e injustiça, criador e criatura, liberdade e destino são algumas das metades contrapostas neste romance em versos com diálogos rimados, cujas personagens se expressam por soneto, trova, cordel, entre outros estilos poéticos".
⚠ Gatilhos: estupro, prostituição, violência, suicídio, depressão.




O jovem no qual a estória se centra é um rapaz que vive extremamente angustiado e preso a um complexo de inferioridade. Ele acredita ser a pior entre as criaturas, desprovido de qualquer justificativa para viver, algo ao que ele possa se agarrar e entender a vida como digna.

É em meio a estes sentimentos que ele é confrontado por novos vizinhos que irão colocá-los em situações fora de sua zona de conforto. Há uma mulher (claro que há uma mulher!) que irá despertar nele emoções das quais ele sempre fugiu. É nesta jornada de autodescoberta, reflexão, questionamentos e muita dualidade que iremos embarcar. Tudo envolto em pura e completa estilização poética.

É um livro fora da minha zona de conforto, pois eu até leio poesia de vez em quando, mas não da forma como foi apresentada, contando uma história tão intrincada, misturando elementos, formas e métricas. Quando leio poesia, já espero me deparar com pensamentos soltos, abstrações e aleatoriedades que façam sentido a nossa abertura à subjetividade do escrito. Mas não esperava encontrar uma estória com começo, meio e fim; desenvolvimento amarrado e muita reflexão num tom tão poético.

Pela forma como é apresentada, através de rimas e mistura de estilos poéticos, é bem comum ficar confuso no início (principalmente se você está mais acostumado com estórias em prosa, como eu). Mas o livro não fica desinteressante nem uma única vez e logo tudo flui como se você estivesse acostumado a este tipo de narrativa desde sempre.

Você também pode conferir uma versão resumida dessa resenha no meu bookstagram clicando aqui!

A conversa com a dualidade, com os questionamentos ao destino, Deus ou seja lá qual ser superior que possamos atribuir, tem o poder de levar o leitor junto. Existem muitas referências interessantes, inclusive um capítulo dedicado ao Inferno de Dante, e com certeza tiveram outras que minha pouca perspicácia e conhecimento não foram capazes de reconhecer.

Houveram muitos momentos reflexivos e que eu até achava que o livro iria dar devaneios demais, mas sempre voltava ao centro. A estória se distancia um pouco, até mesmo para ter mais liberdade poética e brincar com estilos e formas, mas nada que nos afaste demais da narrativa. Rapidinho ela voltava a conversar sobre a premissa principal. Tudo sem perder a grande sacada que é o tom poético.

É um livro que recomendo muito para quem gosta de se desafiar com suas leituras, pois pode surpreender. Para quem curte poesia, vai amar, sem sombras de dúvidas. É um livro de uma escritora nacional independente que é talentosíssima. A Mishal Katz já tem outros livros escritos e como este é o segundo que leio dela, já estava com a expectativa de que traria algo belíssimo, criativo e de extremo talento literário.

Recomendo muito a leitura, aquisição ou empréstimo, pois ele está disponível no Kindle Unlimited. Você pode adquiri-lo, clicando aqui! 

Espero que vocês tenham gostado e compartilhem esta resenha com alguém que está atrás de uma leitura diferentona e super legal, pois com certeza A Violeta de Vênus se encaixa perfeitamente!

Até a próxima!
Beijos e queijos! :*