quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Leituras de Férias #1: Morte e Vida de Charlie St. Cloud, de Ben Sherwood

Primeiro livro dessas férias, e o que dizer dele? Acho que "não poderia começar essas minhas férias com uma leitura melhor" resume bem. Vamos aprofundar mais essa conversa sobre esse livro lindo.

AVISO: ESTA RESENHA CONTÉM SPOILER!

Meu exemplar *-*
Antes de tudo, vamos à uma breve descrição: Charlie St. Cloud é um adolescente promissor que mora na Nova Inglaterra, um lugar pacato nos Estados Unidos da América. Ele e seu irmão mais novo, Sam, são carne e unha, mais inseparáveis impossível. Moram com a mãe, e ambos não conhecem seus pais (o pai de um não é o mesmo que do outro). Tudo vai bem, até Charlie decidir levar Sam, para assistir um jogo dos Red Sox (time de beisebol) sem a permissão de sua mãe, pegando emprestado (também sem permissão) o carro de sua vizinha, que estava viajando. Aí acontece todo o desastre: na volta para casa, ele sofrem um acidente. Um motorista de caminhão bêbado, sem condições nenhuma de dirigir, bate no carro que os garotos vinham. Os garotos morrem, mas chega um paramédico que tenta reanimá-los, porém só consegue ressuscitar Charlie. Nesse período de tentativas de trazer Charlie de volta a vida, acontecem coisas que vão ser definidoras dos rumos do livro. Charlie e seu irmão, Sam, estão em outra dimensão (se assim podemos chamar) e ambos prometem nunca abandonar um ao outro. Mas como Charlie sobrevive, fica um pouco difícil cumprir sua promessa. Até ele perceber uma coisa fantástica: todos os dias, ao por do Sol, Sam visita Charlie para jogarem beisebol, no cemitério onde foi enterrado. Então, para ficar o mais próximo possível de seu irmão, Charlie decide abrir mão de seus sonhos e trabalhar de zelador e morar no cemitério, garantindo assim estar sempre presente para o seu irmão toda vez que o Sol se por, o que ele faz sistematicamente durante treze anos, até a chegada de uma jovem chamada Tess, que muda seus hábitos e o faz tomar uma importante decisão: ficar sempre ao lado de Sam, mesmo que isso inclua ficar impossibilitado de ir atrás de seus sonhos, ou se entregar a essa relação e deixar o cemitério, o que inclui nunca mais conversar com seu amado irmão?

Agora, as minhas impressões sobre o livro: não vou mentir, achei a leitura um tanto quanto cansativa no começo. Mesmo com a descrição do acidente sendo no início do livro, custou um pouquinho a eu pegar um ritmo de leitura que me agradasse. Digo isso, porque quando um livro está me prendendo desde o começo, não sinto vontade de largá-lo de jeito nenhum, e em uma vezinha que pego, leio dezenas e dezenas de páginas. Com o livro em questão, fiquei um pouco devagar no começo, mas perseverei pois para mim ficou óbvio que as melhores partes estavam para chegar. E não me enganei. E se isso acontecer com você, recomendo que insista também, não irá se arrepender. A história evoluiu, assim como a própria escrita do autor. Tive a impressão de que com o passar das páginas, o autor estava amadurecendo mais na sua forma de contar a história, deixando ela mais atraente. A construção dos personagens também melhora e fica mais forte aquele sentimento que todo bom leitor tem: "se afeiçoar aos personagens e torcer por ele". Apesar do romance da história ser um tanto incomum (não contarei todos os detalhes da trama para não estragar a leitura de vocês, rs) achei muito interessante. Charlie e Tess tem mesmo uma ligação de almas gêmeas, são mesmo o verdadeiro amor um do outro e o autor posicionou isso na história de uma forma bem convincente e arrebatadora para quem leu, sem precisar ser meloso ou piegas. A construção desse cenário de "além-vida" também foi muito interessante. Não digo que acredito na descrição de vida após a morte que o autor deu (sou cristã-protestante e tenho um posicionamento muito bem firmado sobre isso baseado na minha doutrina), mas admito que a forma como esse assunto foi retratado foi essencial para o desenrolar da trama. Outras características do livro, como o amor fraternal dos dois irmãos também foi um bom ponto para a história, e que veio junto com outra questão: "até onde podemos interromper nossa vida quando o assunto é cumprir uma promessa?".
Concluindo, eu amei o livro, apesar do tema-central ser muito voltado para essa coisa do espiritualismo, do sobrenatural. Eu recomendo, mesmo que você não seja muito espiritualizado ou não concorde com a forma como o assunto é abordado. Não precisa ficar temeroso, o livro não tem nenhuma intenção de impor que você acredite em coisas sobrenaturais; é apenas uma bela ficção que ao meu ver, soube usar essas caraterísticas de forma inteligente, e sem se tornar clichê. É de emocionar, é para chorar mesmo. Fisicamente falando, o livro é lindo. O meu exemplar é da capa do filme e a diagramação é linda, com os inícios dos capítulos com desenhos de vela, uma vez que uma das personagens principais, a Tess, é velejadora. Fiquei muito surpresa em comprar um livro em uma baita promoção no Submarino (acreditem se quiser, este livro me custou R$ 5,00) e ele ter uma qualidade tão boa, tanto no sentido da história, como nos aspectos físicos. E sobre a adaptação cinematográfica posso dizer que é muito boa e fiel ao livro. Apesar de na leitura você captar mais essencialmente detalhes que você não consegue no filme, a adaptação me ajudou bastante a imaginar, pois já tinha assistido ao filme antes. 
Para terminar, a mensagem mais forte que o livro me deixou: não desperdice segundas chances!


"Confie em seu coração 
se os mares explodirem em chamas,
E viva pelo amor, 
mesmo que as estrelas se movam para trás." (e. e. cummings; poema citado no livro)


Espero que vocês tenham gostado da minha resenha e caso queiram ler o livro ou já tenham lido, fiquem à vontade para comentar! 
Beijos e queijos :*

Nenhum comentário:

Postar um comentário